Esta dissertação analisa a articulação entre Feminismo, Gênero e Religião, a partir da análise empírica do projeto de enfrentamento à violência de gênero – Projeto Espelho Meu –, desenvolvido pela igreja pentecostal Betesda de São Paulo. Trata-se de um estudo de caso, no qual se buscou caracterizar o referido projeto, identificar como o debate de gênero acontece dentro da igreja, a partir da pauta violência de gênero, e entender como é produzido enfrentamento a esta forma de violência pelo Projeto Espelho Meu, a fim de analisar quais as implicações do embricamento entre os referidos eixos no enfrentamento à violência de gênero contra a mulher e pensar o futuro das políticas de gênero no Brasil, considerando o momento político atual marcado pelo adensamento do conflito entre os movimentos religiosos conservadores e os movimentos de feministas em torno das políticas de gênero. A dissertação agrega a leitura transversal de estudos sobre os eixos temáticos mencionados. A hipótese é de que a intersecção com o pentecostalismo é interessante para os feminismos, uma vez que o Brasil é um país bastante religioso, de maioria cristã e com intensa ascensão dos evangélicos pentecostais, o que obriga os feminismos a também adentrar esse espaço para viabilizar maior alcance das suas lutas e reivindicações. A metodologia empregada consistiu na análise das redes sociais do Projeto Espelho Meu, documentos produzidos pelo projeto e entrevistas com a equipe de coordenação do projeto. Os resultados indicam que o debate sobre violência de gênero promovido pelo projeto começa partir da constatação do alto índice de mulheres – religiosas ou não – em situação de violência. A linguagem mobilizada pelo projeto segue na maioria à legislação brasileira sobre o tema e o repertório de ação e de produção de enfrentamento corresponde às seguintes premissas feministas: acolhimento, autorreconhecimento e empoderamento feminino.