A pesquisa tem como temática a violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil, partindo-se do pressuposto que este modo de violência está associado com a desigualdade de poder entre os gêneros. Tendo em vista que o poder não é algo estático, mas dinâmico, exercido tanto pelos homens quanto pelas mulheres, o tema da violência doméstica e familiar contra a mulher será abordado sob a perspectiva relacional das construções sociais das feminilidades e das masculinidades. O trabalho traz um balanço geral sobre os principais marcos no campo dos direitos das mulheres, bem como sobre a implementação da Lei Maria da Penha nos últimos dez anos e analisa algumas das principais perspectivas teóricas mais relevantes sobre a violência. Com relação à metodologia, além da pesquisa bibliográfica e documental, foram realizadas pesquisas de campo com mulheres em situação de violência. As análises dos resultados demonstram, entre outros aspectos, que a violência é, por vezes, utilizada como ato disciplinar ou como forma de comunicação entre os parceiros. E que, além disso, a rede de atendimento especializada não é vista pelas mulheres como serviços de apoio, mas como uma continuidade da violência vivenciada. Diante de dificuldades como essa, o último capítulo discute algumas perspectivas e desafios para a política de enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil.